“Invasões Bárbaras” é uma seqüência disparatada de “O Declínio do Império Americano”. O protagonista é Rémy, um professor universitário em estado terminal, amparado financeiramente pelo filho e emocionalmente por amigos homossexuais, ex-amantes e uma garota viciada em drogas.
O diretor delira quando acha que propõe aos espectadores questionamentos substanciais acerca de conflitos de geração, (dis)funcionalidades dos sistemas de saúde, e principalmente, a sustentação ideológica da sociedade norte-americana (vide o título). Nenhum tema é discutido com devida seriedade e as margens de interpretação, que os fãs do filme podem me acusar de não ter, são tão vastas quanto as letras de uma página em branco.
O filme de Denys Arcand faz um paralelo metafórico despropositado: a morte do protagonista é a morte do mundo. Racionalmente, consigo observar o mundo de uma forma critica e absurdamente pragmática mas, mesmo esta maneira pessoal de cultivar determinada lógica, possui um limite. Comparar o apocalipse com a morte de um homem vulgar de meia-idade é um atentado ao Monsieur Dieu.
“Invasões Bárbaras” retrata o desconforto dogmático de uma civilização que se autodenominava cristã com exemplares de indivíduos que se escusam sob o embuste do ateísmo. O filme erra. Erra com personagens e valores equivocados, diálogos superficiais, ausência de material reflexivo substancial e conteúdo apelativo latente. A crítica erra. Erra quando vê significado e sentido nas frases dos personagens desesperados e patéticos que fazem parte da história e erra quando vê relevância nas banalizações elucidadas pelo filme. Vocês podem até tentar discutir comigo o motivo implícito, recôndito, inconsciente ou whatever pelo qual o filme tem sensibilidade. A versão da crítica realmente não me convenceu.
E eu, que tenho uma veia latina e choro com dramas previsíveis hollywoodianos, não consegui ficar mobilizada emocionalmente com a morte iminente de Rémy. Fiquei, o filme inteiro, com raiva do protagonista. Que, nem no leito de morte, conseguiu se redimir a-b-s-o-l-u-t-a-m-e-n-t-e de seus pecados e continuou vivendo uma vida fútil e reverenciando coisas secundárias. Não conseguiu ser amado verdadeiramente pelos filhos: um utilizava o dinheiro para compensar as faltas do genitor e cumprir o papel familiar que lhe foi imposto e a outra pegou um avião (ou um barco?) pra conseguir gravar mensagens carinhosas àquele homem. Rémy não conseguiu valorizar os descendentes nem nas suas últimas horas. Preferiu ouvir piadas machistas e ocas de amigos (???) sádicos ou então curtir as heroínas (a droga e a mocinha revoltada-decente que virou melhor-amiga-e-filha). Graças às articulações e cifras providas pelo filho yuppie, conseguiu um passaporte pro mundo capitalista-underground e morreu com toda a dignidade que o dinheiro pode comprar.
Todas as críticas às instituições burocráticas, às relações entre pais e filhos, professores-alunos, religião-arte, esquerda-direita são estóicas, retrogradas e reacionárias. A máscara do pensamento pós-moderno dos homens livres não está fixada em personagem algum.
Um paciente terminal que é mostrado na transgressão. Eis o drama e a comédia de “Invasões Bárbaras”. Querem compactuar com minha opinião? Vejam Os Sonhadores, de Bertolucci ou, se forem mais conservadores, Mar Adentro, de Alejandro Amenábar. (...)
Cheers, anyway....
O diretor delira quando acha que propõe aos espectadores questionamentos substanciais acerca de conflitos de geração, (dis)funcionalidades dos sistemas de saúde, e principalmente, a sustentação ideológica da sociedade norte-americana (vide o título). Nenhum tema é discutido com devida seriedade e as margens de interpretação, que os fãs do filme podem me acusar de não ter, são tão vastas quanto as letras de uma página em branco.
O filme de Denys Arcand faz um paralelo metafórico despropositado: a morte do protagonista é a morte do mundo. Racionalmente, consigo observar o mundo de uma forma critica e absurdamente pragmática mas, mesmo esta maneira pessoal de cultivar determinada lógica, possui um limite. Comparar o apocalipse com a morte de um homem vulgar de meia-idade é um atentado ao Monsieur Dieu.
“Invasões Bárbaras” retrata o desconforto dogmático de uma civilização que se autodenominava cristã com exemplares de indivíduos que se escusam sob o embuste do ateísmo. O filme erra. Erra com personagens e valores equivocados, diálogos superficiais, ausência de material reflexivo substancial e conteúdo apelativo latente. A crítica erra. Erra quando vê significado e sentido nas frases dos personagens desesperados e patéticos que fazem parte da história e erra quando vê relevância nas banalizações elucidadas pelo filme. Vocês podem até tentar discutir comigo o motivo implícito, recôndito, inconsciente ou whatever pelo qual o filme tem sensibilidade. A versão da crítica realmente não me convenceu.
E eu, que tenho uma veia latina e choro com dramas previsíveis hollywoodianos, não consegui ficar mobilizada emocionalmente com a morte iminente de Rémy. Fiquei, o filme inteiro, com raiva do protagonista. Que, nem no leito de morte, conseguiu se redimir a-b-s-o-l-u-t-a-m-e-n-t-e de seus pecados e continuou vivendo uma vida fútil e reverenciando coisas secundárias. Não conseguiu ser amado verdadeiramente pelos filhos: um utilizava o dinheiro para compensar as faltas do genitor e cumprir o papel familiar que lhe foi imposto e a outra pegou um avião (ou um barco?) pra conseguir gravar mensagens carinhosas àquele homem. Rémy não conseguiu valorizar os descendentes nem nas suas últimas horas. Preferiu ouvir piadas machistas e ocas de amigos (???) sádicos ou então curtir as heroínas (a droga e a mocinha revoltada-decente que virou melhor-amiga-e-filha). Graças às articulações e cifras providas pelo filho yuppie, conseguiu um passaporte pro mundo capitalista-underground e morreu com toda a dignidade que o dinheiro pode comprar.
Todas as críticas às instituições burocráticas, às relações entre pais e filhos, professores-alunos, religião-arte, esquerda-direita são estóicas, retrogradas e reacionárias. A máscara do pensamento pós-moderno dos homens livres não está fixada em personagem algum.
Um paciente terminal que é mostrado na transgressão. Eis o drama e a comédia de “Invasões Bárbaras”. Querem compactuar com minha opinião? Vejam Os Sonhadores, de Bertolucci ou, se forem mais conservadores, Mar Adentro, de Alejandro Amenábar. (...)
Cheers, anyway....
Parabéns menina.
ResponderExcluirSua crítica é digna dos maiores fóruns de cinema.
Tenho este filmecomigo e diante de tão profunda análise não ouso sequer ensaiar qualquer comentário analítico.
Vejo por seu escrito que é uma grande cinéfila, dotada principalmente de senso crítico.
De cá de meu simplista ponto de vista o vi apenas como que tratando da condição humana frente ao inevitável. A morte.
Na minha simples análise, o que permeia o referido filme é um viés um tanto quanto hedonista frente às grandes questões que atormentam este pobre animal. O Homem.
Parabéns menina.
ResponderExcluirSua crítica é digna dos maiores fóruns de cinema.
Tenho este filmecomigo e diante de tão profunda análise não ouso sequer ensaiar qualquer comentário analítico.
Vejo por seu escrito que é uma grande cinéfila, dotada principalmente de senso crítico.
De cá de meu simplista ponto de vista o vi apenas como que tratando da condição humana frente ao inevitável. A morte.
Na minha simples análise, o que permeia o referido filme é um viés um tanto quanto hedonista frente às grandes questões que atormentam este pobre animal. O Homem.
Cara Fernanda.
ResponderExcluirAntes de mais nada, quero me desculpar por minha inabilidade com a Web que fez com que repetisse meu comentário sobre a "crítica".
Aproveito o espaço para sugerir alguns filmes, caso já não os tenha assistido:
Elsa e Fred.
Jornada da Alma
Quando Nietzsche chorou.
Isaac!!!
ResponderExcluirObrigada pelas palavras... E pelas recomendacoes. Jornada da alma, vi e adorei. E Elsa e Fred já foi bem recomendado.
Eu gosto mto de cinema e sinto uma enorme falta de assistir bons filmes em Maceió... A carência nas locadoras e cinemas desanima. Vc tem alguma dica nesse sentido? Alguma locadora com um bom acervo?
Um beijo pra vc, pra Tania e pra Julyne! :)
Fernanda van der Laan