quarta-feira, 1 de abril de 2009

EU NÃO SOU EU

Eu não sou eu.
Sou este que vai ao meu lado sem eu vê-lo;
que, por vezes, vou ver,
e que, às vezes, esqueço.
O que se cala, sereno, quando falo,
o que perdoa, doce, quando odeio,
o que passeia por onde estou ausente,
o que ficará de pé quando eu morrer.

Juan Ramón Jiménez

terça-feira, 17 de março de 2009

E ontem, estava inconformada em ver meus escritos descaradamente plagiados internet afora e burramente modificados - por gente que conheço de vista. E que, não sei porque, encarnam nas minhas coisas. E querem ter o que nem tenho mais. E desejam ser o que eu fui e não deu certo. Será que não querem meu nariz de brinde?
Enquanto isso, fotos minhas e da minha família circulam indiscriminadamente pela rede.
Sem minha aprovação e sem o meu consentimento. Infelizmente. Irresponsavelmente. Com açucar e maquiagem. Para impressionar e dissimular intimidade. Hipocritamente. Com intuito de ficar em dia com santos e dizimos. Para sair bem nas fotos dos outros. Para convencer, provocar culpa nos inocentes e exorcizar os próprios pecados num intervalo de ação de um psicotrópico qualquer. Ou no pico de atuação... Vai saber...
E a covardia de uns é o alívio de outros.
Alguém tem um tom de voz diplomático para me emprestar?

domingo, 8 de março de 2009

Dia da mulher é uma coisa estúpida.

E tenho dito.

segunda-feira, 2 de março de 2009

E eu poderia cair. E não levantar. Escrever coisas sem nexo, dizer coisas levianas. Poderia ser outra, poderia ter outro. Eu poderia falar qualquer coisa para qualquer pessoa em qualquer circunstância. Poderia cometer pecados, desrespeitar mandamentos. Usar roupa de oncinha, ouvir música brega. Poderia ser brega. Mais brega. Super brega. Poderia tirar zero, passar vergonha, perder tudo ou nunca ganhar nada. Eu poderia ver as videocassetadas do Faustão. Poderia não ler. Ou só ler a Caras. Ou ler a mão das pessoas. Poderia engordar e cantar numa banda de reggae. Poderia virar dançarina ou cuidar dos porcos perdidos no Haiti. Poderia fazer faxina, fazer pastéis, fazer festas, fazer filhos, fazer teatro, fazer drama, fazer fofoca, fazer média, fazer feio. Poderia não fazer nada.
E ele teria orgulho de mim...

Que saudades, meu pai!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Fábula curta

“Ai de mim!”, disse o rato, “o mundo vai ficando dia a dia mais estreito”.
“Outrora, tão grande era que ganhei medo e corri, corri até que finalmente fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte, mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro que eis-me já no fim do percurso, vendo ao fundo a ratoeira em que irei cair”.
“Mas o que tens a fazer é mudar de direção”, disse o gato, devorando-o.

Franz Kafka

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009





Ta Prohm, Camboja.
Suntuosos palácios, em ruínas, situados em meio a pobreza e hotéis 5 estrelas. Templos desbotados pelo tempo, natureza vingativa - que destrói o que o homem pensa que constrói.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

de novo!

Voltei! E não sei bem o porquê. Afinal o blog nunca efetivamente funcionou e tinha um propósito que não há como resgatar: compartilhar minhas experiências no ano que passei em Tokyo. Eu até posso discorrer sobre minhas andanças pelo oriente. Mas não em tempo real. Sem estar absorvida pela cultura e pelas diferenças. Sem o assombro que reside num presente que, como já é passado, é pobre de minúcias e glamourizado pela saudade que sinto do que não mais existe concretamente.
Faz quanto tempo que não escrevo? Quase um ano? Que coisa! Neste tempo uma série de coisas aconteceram e repercutem na minha vida. Ainda que sejam aquelas coisas que acontecem em nossas histórias sem nossa cooperação. Coisas que acontecem e ponto. Passivamente, fortuitamente. Os gregos antigos as classificariam na tal voz média. Coisas que ocorrem somente a mim e não a esmo. E eu não estou, absolutamente, a fim de falar nessas coisas. Estas vão para um diário que eu possa rasgar. Ou para publicações que eu possa eternizar. Who knows? Só depende de mim e de sorte...
Não sei se há o que dizer sobre este blog. Quase não leio blogs. Não sei alterar esse layout para algo mais pessoal e não sei se alguém compactuará com esse meu delírio narcísico e ler essas sandices. Enfim... Não sei.
E para os que sabem:
O dito e o escrito não provam quem sou,
Trago a plena prova e todo o resto em meu rosto,
Com meus lábios calados confundo o maior dos céticos...
Walt Whitman
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*E viva as anáforas!